quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Os dados ainda estão rolando!

Faltando apenas 6 dias para a volta ao Brasil, o coração bate mais forte e a ansiedade, fruto de uma excitação e apreensão muito grande, faz com que os dias pareçam meses.
Não penso que voltarei ao Brasil, mas que deixarei Uganda. Não penso que voltarei ao Brasil, mas que verei meus pais e amigos. Não penso que voltarei ao Brasil, mas que a manga será arregaçada por vários outros projetos. Não penso que voltarei ao Brasil, mas que serei, novamente, anônima.
Como disse papai: a vida continuou sem você. E isso é um dos motivos da minha apreensão. Como estão meus pais? Quão diferente estão meus amigos? O point da galera continua o mesmo? E meus cachorros? Ainda me reconhecem? Conseguirei me reconhecer como brasileira de novo?
Em meio a essa confusão de sentimentos (deu pra perceber a neura, né?) a vida continua por aqui também e segunda-feira foi o dia de fazer uma grande surpresa para as pessoas mais esquecidas do mundo.
O fato do orfanato estar bastante vazio, pois as crianças estavam trabalhando (leia-se sendo exploradas), fez com que o lugar parecesse mais abandonado, escuro, sujo e sem vida do que de costume. Não importa em que condições, crianças sempre iluminam e dão vida a qualquer ambiente.
Com parte da última doação, feita pelo Piero. Compramos 4 bolas de futebol oficiais, uniformes e cones para treinamento. Os meninos da rua não querem estudar e, quando tentamos qualquer coisa do gênero, eles fogem para as ruas novamente. Não estão dispostos à trocarem suas liberdades por deveres, obrigações, trabalhos... Mesmo que isso signifique uma cama, família, comida, amor, esperança, sonhos... Dessa forma, o futebol representa um futuro, um motivo para levantar da cama todos os dias, um sonho. São cerca de 30 meninos com o maior sorriso do mundo e a mais sincera gratidão pelo "material de estudo". Buscamos profissionalizar ao máximo a pelada, para não incentivar a brincadeira, mas a determinação, o sonho, o trabalho, a criatividade e etc.
Também compramos vários colchões (a maioria dormia no chão ou dividia os pequenos colchões), mosquiteiros, cobertas, roupas, livros, escovas e pastas de dente, comida e etc. Não é difícil imaginar o resultado: muito choro, agradecimentos, abraços, empolgação, curiosidade, esperança, emoção...
Obrigado Piero, Rafa, Mamma, mulecada, Luzia, Victor, todos os doadores do Brasil, vizinhos e colaboradores da nossa Mamma, apoio de amigos e colegas do Brasil... Todos vocês juntos mudaram o futuro de centenas de pessoas e a minha emoção não me deixa ter palavras suficientes para agradecer.Acho que agora todos entendem o título do blog, né?


"You may say I'm a dreammer, but I'm not the only one..."


Esqueci de descarregar a câmera com as fotos do dia, mas prometo que elas vem por aí.

3 comentários:

Guilherme Cicerone disse...

Você sempre surpreendendo!!!

Karina Mendes disse...

você pode voltar a ser anônima, mas não será "apenas mais uma". vc certamente é uma pessoa que faz diferença pra muitos alguéns, por mais que a vida tenha seguido por aqui. acabei de ter uma overdose de você aqui no teu blog e adorei! seja bem vinda de volta!

Unknown disse...

Orgulho de estar ao teu lado !