segunda-feira, 23 de maio de 2011

Gosto é igual cú e cada um tem o seu.

Não quero pagar de pseudocult, filosofando sobre T-U-D-O e concluindo que é mais uma conspiração da mídia e das regras da sociedade. (Blé! Esgotei meu cérebro só em escrever isso). Mas algumas coisas corriqueiras na nossa vida são, sim, um reflexo de graves problemas sociais mas, muitas vezes, mascarados pelo discurso da "normalidade", "liberade de expressão" e até "democracia"...
Li, recentemente, um artigo de um colunista da Folha sobre a questão do metrô e da "gente diferenciada" em que o sujeito afirmava não ser a favor do discurso preconceituoso da elite paulistana mas era a favor da democracia e, por isso, aceitava sua vontade de não querer o metrô em sua vizinhança. A repercursão do artigo foi ainda mais estranha quando um outro sujeito se mostrava indignado com a democracia brasileira, afinal de contas um governo não pode APENAS governar para os pobres.
Que conversa fiada (como diria a adorada Dona Maria Martha). Mascaramos nossa guerra social sob esse discurso fajuto?
Enfim, esse foi só um exemplo de um acontecimento corriqueiro (sim, corriqueiro, pois a guerra está fervendo nas ruas brasileiras) que merece uma 'filosofada'.
Mas, na verdade, a filosofada de hoje vai para a questão do gosto.
Vi poucos mzungos em Uganda se relacionando com locais. Um amigo me falou que não sabia por que, mas não se sentia atraído por negras. Outro foi além e admitiu não gostar do cheiro delas, pois não usam desodorante. Será que é só uma questão pessoal de gosto? Mas até um gosto por uma determinada comida é, provavelmente, determinada pela sua cultura, mídia, sociedade...
Certa vez, andando pelas redondezas do Pátio da Cruz da Potifícia, ouvi uma conversa de uma menina negra com outros meninos. Ela estava questionando o fato de eles afirmarem não serem racistas e serem à favor da inclusão racial e social. A questão posta foi: OK, ninguém aqui é racista, mas eu duvido que um de vocês se casará com uma negra.
OPS! Do que ela tá falando? Aqui é Brasil, porra! País da mixagem, carnaval, hospitalidade, alegria... Será que nunca antes na história desse país um amigo meu pegou uma negra??
Você aí meu amigo branquinho que está lendo isso e pensando nessa realidade como algo distante da sua que é um cara de mente e coração aberto e não vê diferenças entre as pessoas, para e contabiliza quantos negros você já pegou. Eu digo que minha proporção não sai dos 4%...
Podemos explicar que, decorrente do racismo histórico do Brasil, os negros se encontram em classes sociais mais baixas e nós sabemos o abismo entre as classes no nosso país. Dessa forma, não frequentamos os mesmos lugares, as mesmas universidade e, por isso, não nos relacionamos. Acho que seria uma bela máscara e manteria nossa consciência limpa. Assim seria mais fácil voltarmos a ser o cara mente e coração aberto que vive em um mundo onde todos são iguais.
Qualé que é então? Uma questão cultural? Uma questão social? Uma questão da mídia que padroniza belo o europeu dos olhos azuis? Uma questão do cheiro do desodorante ou não? Uma questão racial (leia-se racismo)?

Bom, deve ser só uma questão de gosto mesmo... Mas é melhor não opinar nem sobre o gosto e nem sobre o cú das pessoas...

2 comentários:

barrets disse...

adoro seus comentarios e revoltas!!!
sauadades de vc.. porra!! mas continue assim, iluminando as pessoas por ai e me iluminando por akii!!


amooo
bjoes!!!

Rafa (vc sabe qual) disse...

Texto muito bom Ba !

fico imaginando qual conta vc fez pra chegar nos 4%...rs

Parabens, de novo...