sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O dia em que virei celebridade...

A viagem sapenas serviu para cair a ficha de que nao sei onde vou morar, nao sei oq vou fazer, nao sei a taxa de cambio, nao sei como pegar um taxi no aeroporto, nem sequer pra onde pedir que o taxi me leve. Nao tenho amigos e nem equer amigos-de-amigos. Na verdade, as 22 horas apenas serviram pra me provar que meu ingles ta uma bosta, que ser vegetariano seria bem mais dificil do que eu imaginava e que eu nao tenho ideia do que estou fazendo e talvez tenha que admitir que nao estou tao segura assim desse meu "primeiro passo em direcao a carreira da vida toda."
Mas nada me deixou mais intimidada do que os brasileiros que estao em Uganda. Fui bombardeada com reclamacoes de todo o tipo sobre a AIESEC e as ONGs. Eles afirmaram ainda estar sob o trauma do choque cultural.
Aqui eh tudo muito barato. 1000 xilens sao cerca de 0,80 centavos de reais oq corresponde a uma garrafa de agua de 1,5 L (nao, a agua mineral n eh cara como eu disse).
Meus principais objetivos agora saso: aprender a tomar banho gelado e de caneca, aprender as conversoes do dinheiro que incluem zeros demais e todos conhecem minhas limitacoes matematicas e aprender Luganda.
Cheguei com isso na cabeca e quando a adoravel Dora se apresentou no aeroporto, quis asber daonde eu vinha, tiu quando pronunciei seu nome em portugues e me deu seu telefone para "sermos amigas", eu nao perdi tempo e pedi uma aula relampago de Luganda. Ai vai:
Oi, Tudo bem? = Ogambati, oliotia?
Obrigada = Uebale
Claro que escrevi tudo como se eh pronunciado.
Uganda, que ate agora se resume em Embebbe e Kampala, cheira a queimado. Sei que nao eh uma coisa muito agradavel de se dizer, mas n eh tao ruim quanto parece. Parece vir de todos os lugares e eu acabei descobrindo que eh pq todos queimam seu lixo...todo o lixo...a toda hora.
A luz acaba SEMPRE. Mas isso nao parece preocupar ninguem. Lembro que quando acabava a luz em SP e eu ficava louca. Ficava pirando sem ter oq fazer e depois me perguntava como iria conseguir dormir sem TV? Aqui continua tudo perfeito. O chiveiro eh gelado com ou sem luz. Nao ha geladeira, TV ou qualquer aparelho eletronico...
Ja andei de Taxi (lotacao) e bora bora (mototaxi). nao ha capacete e as pessoas vao em 4 ou mais em uma unica moto. Nao tirei nenhuma foto ainda, pois eh mto constrangedor. Alem de ser a Mzungo (branquela), sendo apontada, mexida, comentada como celebridade, pedida em casamento e etc...ainda tenho que ficar com uma camera gigante na mao? Quer melhor mensagem do que: voces sao super diferentes de mim e estou registrando suas casas, comida, acoes para levar para os meus semelhantes verem.
Ja recebi meu nome ugandes. Aqui todos me chamam de Nambatya, mas eu ainda nao perguntei a origem e a que clã pertence.
Quando a pessoa se forma na faculdade, é tradicional (e bem tradicional) q a familia ofereca uma grande festa: 5 horas de ritual/cerimonia em luganda sem qualquer bebida alcolica. Tedio total ate que acabou e todos, todos mesmo, se levantaram e comecaram a dancar. Senhoras de 80 anos e ate os garcons. Confesso que fiquei mto emocionada de ve-los dancar e ateh deixei umas lagrima escapar. O problema foi quando eu me empolguei e me juntei a eles tentando imita-los. Pronto, a festa parou pra ver a mzungo, a unica branquela no meio, dar uma de grindo sambando no RJ. Nao me importei e nao demorou muito pra todos se juntarem em uma grande roda querendo dancar comigo e mostrarem seus passos que eram uma mistura de pescoço e quadril quebrado aliado a uma corcunda. Uma coisa meio "catar conchinhas no carnaval".
Na festa, fui apresentada ao famoso buraco.. nem preciso dizer que saí de la toda mijada, neh? A comida foi FODA. O bufe chique continha 2 tipos de arroz, frango assado, uma carne que n pude identificar, um pure escuro e mais duro, um pate roxo, oq eu tinha entendido por couve e abobora. O pure era, na verdade, banana com gosto de raiz o qual tinha q ser comido com o treco roxo que, apesar de eu perguntar varias vezes, nao consegui entender oq era aquele trem horrivel. Oq se parecia com couve era um mato qualquer terrivel.
Nao sei oq foi pior: se todos se deliciaram e elogiaram muito a comida ou se, quando eu perguntei se era muito rude deixar no prato, me disseram que sim, pois deixaria deus nervoso.
A luz da festa acabou por 3 vezes. Na primeira todos levataram e comecaram a cantar o hino nacional (???). Na segunda, pararam de dancar e aguardaram rindo e cantando a luz voltar. na terceira e ultima, anteciparam o fim da festa alguns minutos e um cara do meu lado gritou: I love Uganda!!

10 comentários:

Ale! disse...

Caramba, Bá!
No seus primeiros dias já dá pra escrever um livro!!!

To torcendo muito por você! Fique bem! E qlqr coisa vc sabe onde estamos!

Um beijão com muitas saudades!
Ale!

Chico disse...

Lindo!
Linda!

Unknown disse...

ooooh, caralho. que foda! vai dar tudocerto, linda. to torcendo muito por você. não consigo imaginar uma pessoa mais apta pra viver e se adaptar a tudo isso do que você.

Unknown disse...

reclamações da aiesec?
qq eles tão causando por ai?
Como é aonde vc mora? é com uma familia?

me imaginando na sua situação.. acho que ia sofrer com a comida, mais do que tudo!

tudo bem que vc toda loira é uma aberração por ai, mas alguma foto vc vai ter q tirar um dia, né?


Força ai gata!

mil beijos.

Aninha

Barrets disse...

baa me arrepiou td isso.. q doidera e ao mesmo tempo, qta coisa nova !!!
eu to super apreensiva por vc e querendo q vc se adapte lgoo, q eu queria estar aí!
mas vc vai morar com o pessoal da aiesec por enqto? e as epssoas te perguntam: QQ VC TA FAZENDO AQUI?? hahahaah e vc? ja sabe essas respostas?
espero q logoo!!!
baa, te amo, saudades e to pensando mto em vc.. sempre !!!!
se cuida, rezo por vc por aqui !!!

Guilherme Cicerone disse...

Heyyy! Está lembrada de mim? Lá do Poliedro?

Bem, eu nem sei como vim parar aqui, só sei que faz tempo que não conversamos e achei interessante demais saber que está em um lugar onde tenho muita vontade de conhecer também. É engraçado, a maioria das pessoas comenta que gostaria de ir para os EUA ou para a Europa... e quando eu digo que a minha vontade é de ir para a Africa, logo me olham estranho.
Mas enfim, eu li sobre o que disse sobre a saudade... e assim, talvez não exista muita coisa que possa a ser feita para lidar com isso a não ser simplesmente te insentivar ainda mais a continuar o que está fazendo. Percebe como quando você conhece novas pessoas e culturas as coisas parecem estar bem? Siga em frente sempre.

Há um tempo eu li um livro de um jornalista chamado Fábio Zanini e, se ainda não conhece, recomendo a leitura. Se chama "Pé na Africa". O cara simplesmente fez um mochilão pela Africa. Talvez seja legal para você.

Caramba, há tempos não falo com você e já falei demais aqui! Rs, me empolguei com a sua iniciativa!

Parabéns, Barbara!
Vou acompanhando o blog!

Guilherme Cicerone disse...

*incentivar (o correto!)

Joao Elias disse...

Vc me dá orgulho de ser PUC-SP! Muito mesmo, to aqui na casa do caralho tb, mas nada parecido com o que vc tá passando: o choque cultural nao é nem 1 de 200 do que vc tem passado! Quero mais comentarios no blog, que saber mais de vc!

Fica bem, e falo por todos qdo digo: te amo!

Bjos,

Unknown disse...

Caralhooo barbaroots!! parece meio tenso..mas mto interessante!! acredito msm que vc vai se dar suuper bem ai..e daqui uns dias nem sequer lembrar da gente vc vai!! segue a Mgambi gatona e alcoolatra e da alcool p essa galera ai!!hahaha um beeijo e se cuide ai! e sempre escreva!!!

Unknown disse...

vc e nosso orgulho
bjs