quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Histórias de Paixão e Abandono IIII

Continuamos os projetos agora com outra mão de ajuda: Luiza Abdalla!
Estou muito feliz de ter uma amiga por perto, pra poder compartilhar, entender e viver Uganda. Por que, eu juro, não há palavras que conseguem expressar o que é isso e eu tenho muita preguiça de escolhe-las cuidadosamente pra tentar explicar e elas nunca serem suficientes.
Na terça-feira conseguimos um grande avanço pra três voluntarios sem fundos e sem instituição de apoio. Conseguimos que uma organização fosse até a escola e fizessem testes de HIV, dessem suporte e aconselhamento e também tratamento gratuito. Chamamos um grande número de pais e crianças da comunidade e lá estávamos nós, felizes da vida e prontos para também nos testarmos.
Na quarta-feira fomos visitar alguns desses pais e ajuda-los com um pouco de carinho, atenção, conversa e, claro, a doação de vocês!
Aqui seguem suas histórias e como ajudamos um pouquinhos a mudar o destino dessas crianças e desses
pais.


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Nangabi Mercy é uma menininha de 4 aninhos apenas, mas que não sabe sua data de aniversário. A mãe é analfabeta e não sabe esses detalhes sobre os 5 filhos que tem. Ela desconversa sobre o pai das crianças, pois é difícil essa vida de abandonada.
Na primeira conversa que tivemos, ela também desconversou sobre HIV e apenas um mês depois admitiu ser portadora do vírus.
As seis pessoas se apertam em um cômodo pequeno (BEM pequeno) e ela não possui muitas perspectivas além da diária, pois se quer tem um emprego.
Levou suas crianças para o teste coletivo e descobriu que são soro-positivos. Depois de um pouco de conversa e alguns conselhos sobre tomar os remédios direitinho e cuidar da saúde das crianças, ela começou a lacrimejar e aos poucos as lágrimas se tornaram um choro de verdade. Era fácil ler naquelas lágrimas a dor e culpa por ter contagiado seus filhos. A dor de saber que as pessoas que você mais ama sofrerão o mesmo preconceito, medo, e problemas que a doença acarreta. O medo de perde-los... Por um minuto eu desejei que ela não tivesse descoberto e que eles nunca soubessem e passassem por aquele sofrimento, mas sei que isso seria, não só uma sentença de morte, como também o contagio de muitos outros inocentes.
Para as duas crianças na escola pagamos um ano de almoço e um semestre de escola.



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Galinda Ruth tem 8 aninhos e é mais uma criança abandonada pelos pais e criada pelos avós. Nesse caso, trata-se de uma avó, viúva por conta da conhecida doença "felt sick". Vende papel na rua e cuida de dois netos. Tem HIV, mas não quis levar os netinhos ao teste de HIV coletivo por medo dos resultados e medo de isso ser exposto à comunidade.
Quando demos o recibo com o valor da doação e que ela não precisava mais se preocupar tanto, pois as crianças teriam, por um ano, almoço e a escola estava parcialmente paga.
Ela gargalhou, pois nunca esperava ser a sortuda do dia e receber toda essa ajuda de vocês, aí do outro lado do oceano.
Agradeço à vocês pela ajuda e também por todas as avós de Uganda que acolhem seus netos e vivem suas vidas lutando por elas sozinha.




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Difícil entender a grande e complexa família do Teeko Meddy de 7 anos. Moram em aproximadamente 13 pessoas. Digo aproximadamente por que casa de africano é assim. Todo mundo faz parte da família e é sempre bem vindo. Quando chegamos lá, começou uma correria, pois estavam desavisados e não sabiam o que fazer pra esconder toda a sujeira e arrumar algum lugar pra sentarmos.
Possuem 5 crianças na escola e mais um monte em casa. A avó, o tio-avô, o tio, a mãe... todos se "acomodam" em dois cômodos e dividem também a doença maldita! Apenas uma das crianças foi testada na escola e é soro-positiva. Dividi alguns conselhos e fizemos a doação pagando almoço e escola para as crianças.
Que eles sejam muito felizes nessa grande família cheia de problemas e de muito  e amor!




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Essa pequena Nalubega Halima de 7 anos é uma delícia. Não tem como não rir e se divertir com a pequena garotinha que vive no mundo do silêncio. Ela é surda e muda e por isso foi abandonada pelos pais. É criada pela avó que, por sua vez, ganha a vida vendendo água. Moram em três na casa: a avó e dois netinhos.
Pagamos também a escola e o almoço. Que parece fazer pouco sentido já que a escola não tem qualquer estrutura pra receber uma criança com tal deficiência. Os professores não são nenhum um pouco preparados.  Ela não faz as mesmas atividades que as demais crianças e as vezes parece mais passando o tempo por lá. Mas pra minha surpresa ela na verdade consegue associar as coisas muito fácil, muito rápido. Aprendeu a ler, desenhar e fazer alguns exercícios e tem notas bastante razoáveis considerando as condições de ensino dela. Apenas necessita de pessoas acreditando e incentivando seus estudos, aprendizados, sonhos... E, claro, profissionais preparados para tal. Mas nem vou sonhar tão alto né...



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